segunda-feira, junho 09, 2008

Silêncio


Este é um momento para uma passividade profunda. Aceitar qualquer dor, felicidade, tristeza ou dificuldade, conformando-se com o "fato consumado". É muito semelhante à experiência do Buda quando, após anos de busca, ele finalmente desistiu, sabendo que não havia nada mais que pudesse fazer. Naquela mesma noite ele se tornou iluminado. A transformação chega, como a morte, no seu devido momento. E também como a morte, ela transporta você de uma dimensão para outra.
A consciência que está crescendo neste momento não é o resultado de algum "fazer" consciente, nem é preciso me esforçar para fazer alguma coisa acontecer. Qualquer impressão que possa ter de que vinha tateando no escuro, está se desfazendo agora, ou logo se dissipará. Deixo assentar, e lembro de que, bem no fundo, sou apenas uma testemunha, eternamente silenciosa, consciente e imutável. Um canal está se abrindo agora.
Neste momento confio em minha intuição, na minha sensibilidade para a "adequação" das coisas. Meus atos poderão parecer "tolos" para os outros, ou até para mim mesmo, se tentar analisá-los com a mente racional. Sou um tolo. Na posição ocupada pelo Tolo, a confiança e a inocência é que são os guias, e não o ceticismo e a experiência passada.
Não há nada para fazer, lugar nenhum aonde ir, e a marca do meu silêncio interior permeia tudo o que faço. Isso pode deixar algumas pessoas sentirem-se desconfortáveis, acostumadas que estão com todo o barulho e atividade do mundo. Não importa. Este é o momento de me reencontrar. A compreensão e os insights que me ocorrem nesses instantes manifestar-se-ão mais tarde, em uma fase de maior extroversão da minha vida.

quinta-feira, junho 05, 2008

Quase Nada


De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho
Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo
Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada
...
Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada